ACERVO SUELI CARNEIRO

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Sobre o projeto

Sobre o projeto

A organização do acervo pessoal de Sueli Carneiro teve início em setembro de 2021 e segue em permanente constituição. É uma iniciativa da Casa Sueli Carneiro, em comum acordo com a ativista e intelectual, que gentilmente compartilhou os direitos de uso, digitalização e publicação de seu arquivo e de sua biblioteca pessoais. Ítens que estavam em sua antiga casa, na rua Professora Gioconda Mussolini, em São Paulo, atual sede da Casa Sueli Carneiro. O processo de organização foi também um processo de formação de profissionais negras em técnicas arquivísticas – e continua sendo. As principais características que o definem são:

  • o respeito às decisões de Sueli Carneiro e seus familiares, detentores de direitos, sobre como e quais documentos e livros estarão disponíveis ao público;
  • a missão formativa de mulheres negras e periféricas na metodologia de organização do arquivo e da biblioteca aplicada neste projeto, para que estas, por sua vez, tenham condições de disseminarem o conhecimento adquirido em outros projetos de memória dos movimentos negros brasileiros;
  • o entendimento e o respeito às ciências da arquivologia e da biblioteconomia, com as adaptações necessárias e justificáveis às políticas de acervo da Casa Sueli Carneiro a possibilidade de acréscimo de  novos documentos e livros, com  constante revisão e incrementação de dados, mediante o recebimento de novas informações sobre seus itens constituintes, seja por parte dos detentores de direitos, ou do público consulente.

O Acervo Sueli Carneiro preza pela independência e autonomia das documentalistas que nele trabalham, o que pode ser constatado em duas qualidades estruturais implementadas em seu  processo de organização. A primeira diz respeito à  tecnologia: a ferramenta online de gerenciamento do Acervo foi desenvolvida a partir de códigos abertos nas linguagens PHP e MySQL, de forma customizada, o que resultou numa interface intuitiva, de fácil usabilidade, capaz de incorporar novos arquivos e bibliotecas que porventura integrem os acervos da Casa Sueli Carneiro. Mais que isso, a Casa pretende ofertar, sempre que possível,  essa ferramenta de gerenciamento, que se chama Páramo, para outras entidades e coletivos organizados dos movimentos sociais negro e feminista; e nossas arquivistas poderão ser tutoras dos cursos desta  aplicação web para novas usuárias. 

Em segundo lugar, a extroversão de nossa base de dados on-line – do gerenciador do acervo para este website em que estamos – é automatizada, ou seja, conforme nossa base de dados é alimentada, os novos itens aparecem imediatamente no website, tanto suas imagens como textos. Logo, há um espelhamento entre a base de dados e o website, cabendo às profissionais do acervo definirem, em comum acordo com a Casa e a titular do acervo, quando cada item catalogado poderá ser publicado. Com isso, arquivistas e bibliotecárias conseguem manejar os conteúdos do website como legítimas curadoras do Acervo, afinal são elas quem têm a mais intensa interação e conhecimento dos documentos, livros e periódicos que o constituem, numa relação por vezes tão íntima, nas raias dos detalhes inauditos, que as fazem ter mais vivas as informações neles contidas que a própria Sueli Carneiro.

Tratando ainda da extroversão do acervo, o projeto traz inovações na mediação com o público que, espera-se, consiga navegar intuitivamente neste website. Uma delas é a unificação para fins de busca dos itens do arquivo e da biblioteca, garantindo um resultado que permite relacionar livros e documentos que tratem do mesmo assunto, ou palavra-chave. Na prática, por exemplo, pode-se listar os documentos acumulados por Sueli Carneiro que contêm o nome de Lélia Gonzalez e ao mesmo tempo, na mesma lista, visualizar os livros escritos por e sobre a feminista que Sueli tenha guardado. Todavia, permite-se também a busca separada em arquivobiblioteca, conforme a necessidade do usuário, ressaltando que na base de dados também há integração do sistema de gerenciamento de ambos. 

Outra aposta inovadora são as exposições virtuais, com curadoria e textos de navegação executados pelas documentalistas, reiterando o conhecimento profundo do acervo que elas possuem, como citado anteriormente. São exposições de assuntos que elas julgam interessantes, que surgem a partir da convivência cotidiana que têm com os livros e documentos, com recortes temáticos que focam uma atividade desenvolvida por Sueli, vide Atuação no Correio Braziliense, ou algo inesperado como o fato Sueli foi ao Rock in Rio 2001. Elas não têm tamanho, formato, nem periodicidade pré-determinados, mas devem surgir sempre que uma pesquisa ou trabalho em andamento incitar uma ideia e almejam ativar a visitação do acervo e o compartilhamento de conhecimento.

Por fim, além da guarda e exibição do Acervo Sueli Carneiro, nos propomos a manter um diálogo permanente com a sociedade para criarmos juntos o futuro deste centro de memória que deve estar atento e preparado para os desafios porvir. 

Bem-vindes!