Desde o início da organização do arquivo pessoal de Sueli Carneiro, a profusão de documentos que registravam a sua presença na Conferência Mundial Contra o Racismo, em Durban (2001) era vasta, o que denota a importância histórica do evento. Como narra Bianca Santana no livro Contínuo Preta (2021): 

"Entre 31 de agosto e 8 de setembro de 2001, mais de 18 mil pessoas de 170 países participaram da Conferência Mundial de Durban, dentre representantes da sociedade civil, dos governos, da ONU, jornalistas, trabalhadoras e trabalhadores. O Brasil tinha a maior delegação, com cerca de trezentas pessoas, entre elas a relatora-geral da conferência, Edna Roland. A equipe do Geledés estava completa: Sueli Carneiro, Sônia Nascimento, Nilza Iraci, Maria Sylvia Oliveira, Rodnei Jericó, Cidinha da Silva, Erica Pereira. Foram estratégicas as presenças de Benedita da Silva, Wania Sant’anna, Hélio Santos, Mãe Stella de Oxóssi, Antônio Pitanga. Além de inúmeras lideranças indígenas.

Na cerimônia de abertura, Kofi Annan, então secretário-geral da ONU, prêmio Nobel da Paz dali a um mês, reproduziu o slogan da luta antiapartheid nas eleções de 1994 da África do Sul: “Sekuyisikhathi!” — em zulu, “chegou a hora!”. Manifestações de rua aconteceram ao longo da semana, mesas paralelas à conferência oficial contaram com Winnie Mandela, Angela Davis, Fidel Castro.

Debatiam-se questões étnicas, raciais, culturais e religiosas, e os problemas delas decorrentes, como o racismo, discriminação racial, xenofobia, exclusão e marginalização social, todos com potencial de polarizar o mundo."

Aqui apresentamos uma seleção que abarca eventos de organização pré-viagem, que documentam a viagem e a Conferência, passeios e confraternizações e, por fim, repercussões na volta ao Brasil, como o artigo "Pós-Durban", publicado na coluna que a ativista assinava no jornal Correio Braziliense à época.